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domingo, 9 de julho de 2017

Dos Sermões de Agostinho, bispo (Sermo 19, 2-3: CCL 41, 252-254) (Sec. V)

O sacrifício agradável a Deus é o espírito arrependido

Reconheço a minha culpa, diz David. Se eu a reconheço, dignai-Vos perdoá-la. Não presumamos de modo nenhum que vivemos rectamente e sem pecado. Será louvável a nossa vida, se não esquecemos a necessidade de pedir perdão. Mas os homens sem esperança, quanto menos preocupados estão com os seus pecados, tanto mais curiosos são sobre os pecados alheios. Não procuram corrigir, mas criticar. E como não podem escusar-se a si mesmos, estão sempre prontos para acusar os outros. Não é isso que nos ensina o salmista, quando orava e queria dar uma satisfação a Deus, dizendo: Eu reconheço a minha culpa, e o meu pecado está sempre diante de mim. O que assim ora não atende aos pecados alheios, mas examina-se a si mesmo; e não se vê só exteriormente, mas entra em si e desce ao mais profundo de si próprio. Não se perdoa a si mesmo, e por isso ousa confiadamente pedir perdão. Queres reconciliar-te com Deus? Repara como procedes para contigo, para que Deus te seja propício. Considera o que diz o mesmo salmo: Não é o sacrifício que Vos agrada; e se eu oferecer um holocausto, não o aceitareis. Então ficarás sem apresentar sacrifício algum? Poderás aplacar a Deus sem nenhuma oblação? Que diz o salmo? Não é o sacrifício que Vos agrada; e se eu oferecer um holocausto, não o aceitareis. Mas continua e ouve o que ele diz: Sacrifício agradável a Deus é o espírito arrependido; Deus não despreza o coração contrito e humilhado. Deus rejeita os antigos sacrifícios, mas mostra-te o que hás-de oferecer. Os nossos antepassados ofereciam vítimas do seu rebanho, e era este o seu sacrifício. Não é o sacrifício que Vos agrada. Não aceitais aqueles sacrifícios, mas quereis um sacrifício. Diz o salmista: Se eu oferecer um holocausto, não o aceitareis. Então, se não aceitais holocaustos, ficareis sem sacrifício? Longe disso. Sacrifício agradável a Deus é o espírito arrependido; Deus não despreza o coração contrito e humilhado. Aí tens o sacrifício que hás-de oferecer. Não lances o olhar para o rebanho; não prepares navios para ir em busca de perfumes até às mais longínquas terras. Procura no teu coração uma oferenda agradável a Deus. É o coração que deve ser atribulado. Receias que morra atribulado? Ouve ainda o salmo: Criai em mim, ó Deus, um coração puro. Portanto deve ser atribulado o coração impuro, para que seja criado um coração puro. Sintamos desgosto de nós mesmos quando pecamos, porque os pecados causam desgosto a Deus. E já que somos pecadores, sejamos semelhantes a Deus ao menos nisto, desgostando-nos com o que desgosta a Deus. Assim a tua vontade coincide em certo modo com a de Deus, porque te desagrada aquilo que também desagrada Àquele que te criou

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