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sábado, 14 de dezembro de 2013

Conheça a origem do nome Israel; leia trecho de livro

da Folha Online
Jerusalém ficou sob controle muçulmano de 1244 a 1917. A partir de 1917, com apoio britânico, judeus de todas as partes do mundo migraram para o território do atual Estado de Israel. A diversidade de línguas entre os migrantes motivou o renascimento do idioma hebraico, na época relegado aos ofícios religiosos.
As informações são do livro "A Origem dos Nomes dos Países", que investiga a controversa origem do nome "Israel" e apresenta uma breve história da fundação do Estado de Israel em 1948.
O livro joga luz sobre as origens das denominações de mais de 350 países, regiões e ilhas do mundo. Leia abaixo trecho do livro que explica a origem do nome "Israel".
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Reprodução
Livro revela origem de mais de 350 nomes de países, regiões e ilhas do mundo
Livro revela origem de mais de 350 nomes de países, regiões e ilhas
ISRAEL
O reino de Israel é um dos dois que se estabeleceram na Judéia depois da morte de Salomão. Durou 248 anos e foi destruído por Salmansar.
Dependendo da fonte que se consulte, podem-se encontrar diversas versões sobre o marco histórico da constituição do Estado de Israel.
Desde tempos remotos, os judeus que viviam espalhados por todo o mundo sonhavam em voltar ao Sião, o lugar onde 2 mil anos antes havia os reinos israelitas. Sião é o nome de uma colina hierosolimita que, com o uso, tornou-se sinônimo de Jerusalém e depois de toda a coletividade judia.
Em 1896 o jornalista vienense Theodor Herzl publicou um livro com o título O Estado judeu, retomando a ideia de constituir esse sonhado Estado. O que não se levou em conta foi o fato de que no lugar escolhido para a criação do Estado já vivia meio milhão de árabes, com raízes e tradições milenares.
Durante a Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra e a França dividiram entre si o que restava do império otomano no Oriente Médio.
Para atingir seus objetivos, os adeptos da ideia de Herzl desenvolveram uma política de aliança com as grandes potências capitalistas, e os britânicos estavam certos de que a causa dos nacionalistas judeus podia lhes servir de pretexto para ficar com o norte da Palestina.
O ministro das Relações Exteriores, Arthur Balfour, que fora primeiro-ministro em 1905 e na ocasião se opusera à imigração judia para a Grã-Bretanha, declarou em 2 de novembro de 1917 seu total apoio à instalação de um Lar Nacional Judeu na Palestina. Balfour afirmou, num pronunciamento que posteriormente ficaria conhecido como Declaração de Balfour, que "o Governo de sua Majestade vê com bons olhos a ideia do estabelecimento, na Palestina, de um solo pátrio para os judeus, e se empenhará o máximo para facilitar a realização desse objetivo, entendendo-se claramente que não se fará nada em prejuízo dos direitos civis e religiosos dos demais habitantes não judeus e suas comunidades na Palestina". Os habitantes não-judeus que habitavam a Palestina representavam à época 90% da população.
Com o apoio britânico, organizou-se a transferência de judeus de todas as partes do mundo. No início do século XX viviam na Palestina 500 mil árabes e 50 mil judeus. Tão grande foi a imigração que, em 1935, o número de judeus na região chegava a 300 mil, isto é, 2% dos 15,5 milhões de judeus existentes então no mundo.
A Segunda Guerra Mundial favoreceu a imigração porque a Alemanha anti-semita promoveu assassinatos e perseguições indiscriminadas e injustas contra o povo judeu, obrigado muitos deles a emigrar para essas terras. Assim, os judeus emigraram principalmente da Europa Oriental, procedentes da Rússia, dos Estados bálticos e da Polônia. A diversidade de suas línguas motivou o renascimento de seu quase morto idioma dos tempos antigos, o hebraico, antes usado apenas nos ofícios religiosos.
Ao final da Segunda Guerra Mundial, os britânicos ainda tinham o controle da Palestina, embora tivessem concedido a independência a suas colônias Iraque e Jordânia.
Ante a imigração massiva e os primeiros enfrentamentos entre palestinos e judeus, os britânicos viram ameaçado o seu domínio sobre os territórios em questão, e em fevereiro de 1947 resolveram apresentar o problema palestino às Nações Unidas. Uma comissão especial recomendou a divisão do território em dois Estados independentes, um árabe, outro judeu. Quanto a Jerusalém, que ambos os povos queriam controlar, deveria ficar sob autoridade internacional.
A União Soviética prestou todo o seu apoio à criação do Estado de Israel, pois preferia isso à continuidade de uma base militar britânica na área.
Finalmente a Assembléia-Geral da ONU aprovou o plano de divisão, por 33 votos a 13. Naturalmente, os países árabes se opuseram, além da Índia, e houve dez abstenções. Em 14 de maio de 1948 o Alto Comissário inglês se retirou da Palestina e proclamou-se o Estado de Israel.
O que as Nações Unidas não levaram em conta é que Jerusalém ficara sob o controle dos muçulmanos por quase setecentos anos, de 1244 a 1917. Essa cidade e grande parte desse território são "terras sagradas" para três religiões distintas: muçulmana, judaica e cristã.
Depois da proclamação do novo Estado, os exércitos da Jordânia, do Egito, da Síria, do Iraque e do Líbano não toleraram a situação e atacaram imediatamente. A guerra não durou muito e terminou com um armistício firmado em janeiro de 1949. Como decorrência do conflito, Israel aumentou em 40% o território que lhe cabia pelo plano de partição.
Há muitas teorias para explicar o significado de "Israel", que segundo alguns quer dizer "mente que vê Deus" ou "homem que vê Deus".
Segundo alguns estudiosos, o nome "Israel" ou "Ysrael" figura mais de 2.570 vezes nas Sagradas Escrituras. Na primeira menção, Jacó lutou contra um ser angelical. O mundo inteiro foi afetado pela contenda. O texto da Bíblia diz o seguinte:
- Naquela mesma noite, ele se levantou, tomou suas duas mulheres, suas duas servas, seus onze filhos e passou o vau do Jacob. Ele os tomou e os fez passar a torrente e fez passar também tudo o que possuía. E Jacó ficou só. E alguém lutou com ele até surgir a aurora. Vendo que não o dominava, tocou-lhe na articulação da coxa, e a coxa de Jacó se deslocou enquanto lutava com ele. Ele disse: "Deixa-me ir, pois já rompeu o dia". Mas Jacó respondeu: "Eu não te deixarei se não me abençoares". Ele lhe perguntou: "Qual é o teu nome?" - "Jacó", respondeu ele. Ele retomou: "Não te chamarás mais Jacó, mas Israel, porque foste forte contra Deus e contra os homens, e tu prevaleceste". Jacó fez esta pergunta: "Revela-me teu nome, por favor". Mas ele respondeu: "Porque perguntas pelo meu nome?". E ali mesmo o abençoou. Jacó deu a este lugar o nome de Fanuel, "porque", disse ele, "eu vi Deus face a face e a minha vida foi salva". Nascendo o sol, ele tinha passado Fanuel e manquejava de uma coxa. Por isso os israelitas, até hoje, não comem o nervo ciático que está na articulação da coxa, porque ele feriu Jacó na articulação da coxa, no nervo ciático.
O nome "Israel" nasceu, pois, de uma benção. "Jacó" deriva da raiz "Kov", que significa "agarrar pelo calcanhar", "enganar", "conter", "ficar" ou "suplantar".
Jacó foi chamado assim porque saiu do ventre da mãe segurando o calcanhar do irmão gêmeo Esaú, que nascera primeiro.
Também no que tange a essa etimologia, podemos acrescentar que o nome "Israel" é derivado de duas palavras: de um lado, "Sara", cuja raiz significa "lutar", "prevalecer", "ter poder como um príncipe"; de outro, a palavra "El", que quer dizer "força", "poder", especialmente como o Onipotente. Portanto, poderíamos expressar o significado de "Israel" como "príncipe poderoso que luta e prevalece", "soldado de Deus" ou "aquele que governa com o Todo-Poderoso".
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"A Origem dos Nomes dos Países"
Autor: Edgardo Otero
Editora: Panda Books
Páginas: 484
Quanto: R$ 49,00
Onde comprar: nas principais livrarias e no site da Publifolha

Veja cronologia do conflito entre israelenses e palestinos

O conflito israelo-palestino envolve a disputa dos dois povos pelo direito à soberania e pela posse da terra ocupada por Israel e pelos territórios palestinos.
O impasse teve início no século 19, quando judeus sionistas expressaram o desejo de criar um Estado moderno em sua terra ancestral e começaram a criar assentamentos na região, na época controlada pelo Império Otomano.
Desde então, houve muita violência e controvérsia em torno da questão, assim como vários processos de negociações de paz durante o século 20 e ainda estão em andamento.
Tanto israelenses quanto palestinos reivindicam sua parte da terra com base na história, na religião e na cultura. Os israelenses, representados pelo Estado de Israel, têm soberania sobre grande parte do território, que foi conquistado após a derrota dos árabes em duas guerras --o conflito árabe-israelense de 1948 e a Guerra dos Seis Dias, de 1967.
Os palestinos, representados pela Autoridade Nacional Palestina (ANP), querem assumir o controle de parte dos territórios e estabelecer um Estado Palestino soberano e independente.
Após a vitória do Hamas (considerado pelos EUA e por Israel como um grupo terrorista) em 2006, a comunidade internacional iniciou um bloqueio financeiro à ANP que gera uma grave crise nos territórios palestinos.
Neste ano da celebração dos 60 anos do Estado de Israel, o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, e o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, reuniram-se diversas vezes para negocias avanços nos acordos de paz.
Os Estados Unidos têm participado das negociações e o presidente George W. Bush espera que um acordo de paz seja efetivado até o final de seu mandato, em janeiro de 2009. Contudo, as negociações ainda esbarram no radicalismo do Hamas e as perspectivas de um avanço real são pouco promissoras.
Veja a cronologia do conflito:
1917 - Declaração do Reino Unido
O Reino Unido divulga a Declaração de Balfour, que concede aos judeus direitos políticos como nação, e foi vista pelo povo judeu como uma promessa para a formação de um Estado Judeu nos territórios palestinos.
1947 - Plano de partilha da ONU
Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprova plano para partilha da Palestina, ou seja, a criação de Israel e de um Estado palestino. Até então, a região era uma colônia britânica. A partilha é rejeitada por árabes e palestinos, que prometem lutar contra a formação do Estado judaico.
1949 - Expansão das fronteiras
Em 1949 Israel vence guerra árabe-israelense e expande fronteiras. Cisjordânia e Jerusalém Oriental ficam com a Jordânia; Gaza, com o Egito.
Vários outros conflitos armados ocorreram entre o Estado de Israel e os árabes e palestinos tendo como foco Israel e seu território. No que concerne à conquista de terras, é importante destacar também a Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando Israel conquista o deserto do Sinai, a faixa de Gaza (Egito), a Cisjordânia, Jerusalém Oriental (Jordânia) e as colinas do Golã (Síria).
Em 1982, seguindo um acordo entre Israel e o Egito alcançado três anos antes, os israelenses se retiram do Sinai.
1987 - Intifada
Entre 1987 e 1993, os palestinos empreenderam uma revolta popular contra Israel que ficou conhecida como Intifada. Marcada pelo uso de armas simples, como paus e pedras lançadas pelos palestinos contra os israelenses, a Intifada incluiu também uma série de atentados graves contra judeus.
1993 - Acordos de Oslo
Em 1993, na Noruega, Israel se compromete a devolver os territórios ocupados em 1967 em troca de um acordo de paz definitivo. Israel deixa boa parte dos centros urbanos palestinos em Gaza e Cisjordânia, dando autonomia aos palestinos, mas mantém encraves. O prazo é adiado devido a impasses sobre Jerusalém, o retorno de refugiados palestinos, os assentamentos judaicos e atentados terroristas palestinos.
1998 - Processo de paz
Após acordos de paz entre israelenses e palestinos, como o de Oslo (93) e o de Wye Plantation (98), Israel entregou porções de terra aos palestinos.
2000 - Camp David
Em julho de 2000, em Camp David (EUA), Israel ofereceu soberania aos palestinos em certas áreas de Jerusalém Oriental e a retirada de quase todas as áreas ocupadas, mas Iasser Arafat [morto 11 de novembro de 2004, após ficar internado durante 14 dias em um hospital militar na França] exigiu soberania plena nos locais sagrados de Jerusalém e a volta dos refugiados. Israel recusou.
2000 - Segunda Intifada
O segundo levante popular palestino contra Israel que teve início em setembro de 2000 ficou conhecido como segunda Intifada, e começou quando o então premiê de Israel, Ariel Sharon, visitou a Esplanada das Mesquitas, local mais sagrado de Jerusalém para palestinos e judeus (que o chamam de Monte do Templo).
2002 - Muro de proteção
Israel começa a erguer uma barreira para se separar das áreas palestinas com o objetivo de impedir a entrada de terroristas. Palestinos afirmam que a construção do muro é uma anexação de território. A construção inclui série de muros de concreto, trincheiras fundas e cercas duplas equipadas com sensores eletrônicos
2002 - Quarteto
Em outubro de 2002, um enviado dos EUA apresenta pela primeira vez um esboço do plano de paz internacional elaborado pelo Quarteto [EUA, Rússia, União Européia e ONU]. O novo plano segue as linhas traçadas pelo presidente dos EUA, George W. Bush. Prevê o fim da violência, seguido por reformas políticas e nos serviços de segurança palestinos e a retirada de Israel de territórios ocupados.
Forças israelenses cercam Arafat na Muqata (QG do líder) em meio a uma ampla ofensiva lançada após uma onda de ataques terroristas em Israel. Arafat fica proibido por Israel de deixar a Muqata. Fica confinado até antes de sua morte, em novembro de 2004.
2003 - Plano de Paz Internacional
O plano é oficializado em 2003. Seu texto propõe um cessar-fogo bilateral, a retirada israelense das cidades palestinas e a criação de um Estado palestino provisório em partes da Cisjordânia e da faixa de Gaza. Em uma última fase, seria negociado o futuro de Jerusalém, os assentamentos judaicos, o destino dos refugiados palestinos e as fronteiras. Não é mencionado no texto a exigência do governo israelense de que o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, morto em 11 de novembro último, seja removido do cargo. Apenas diz que os palestinos precisam de uma liderança que atue duramente contra o terror.
2003 - Mahmoud Abbas
Em maio, assume o cargo de premiê palestino o moderado Mahmoud Abbas, indicado por Iasser Arafat após ampla pressão internacional.
Abbas renuncia cerca de quatro meses depois após divergências com Arafat em relação ao controle da segurança palestina.
2004 - Morte de Arafat
Em novembro, morre o líder da Organização pela Libertação da Palestina, Yasser Arafat.
2005 - Eleição
Em janeiro, Mahmoud Abbas vence as eleições e se torna o novo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP). Um ano depois, a frustração com seu partido, o Fatah, acusado de corrupção, colabora para a vitória do movimento rival Hamas nas eleições parlamentares palestinas, levando o islâmico Ismail Haniyeh ao posto de premiê.
A vitória do Hamas levou a comunidade internacional --liderada pelos EUA e por Israel-- a empreenderem um boicote financeiro à ANP, detonando crises internas e episódios de violência.
2005 - Plano de retirada
Lançado pelo premiê israelense, o plano unilateral de Sharon --que alega ter tomado essa iniciativa por não contar com interlocutores confiáveis no lado palestino-- visa retirar de Gaza e parte da Cisjordânia 25 assentamentos judaicos e suas forças militares. Convivem hoje no território 1,3 milhão de palestinos e cerca de 8.500 judeus. Facções contrárias à retirada adotam o discurso de não desistir de nenhum centímetro de terra.
2006 - Afastamento de Sharon
Em janeiro, o então premiê israelense Ariel Sharon sofre um derrame cerebral e entra em coma. Ele é substituído interinamente pelo atual premiê, Ehud Olmert. Em março, eleições israelenses dão a vitória ao partido Kadima (centro), de Olmert, e após formar uma coalizão o líder é confirmado no posto de premiê israelense.
2007 - Governo de coalizão palestino
Após meses de negociações, os partidos palestinos rivais Fatah (do presidente da ANP, Mahmoud Abbas) e Hamas (do premiê palestino, Ismail Haniyeh) concordam com a criação de um novo gabinete com poder compartilhado. O acordo foi fechado em Meca (Arábia Saudita) em uma reunião com Abbas, Haniyeh e o líder político do Hamas na Síria, Khaled Meshaal, no dia 8 de fevereiro.
A negociação foi marcada pela violência interna que custou a vida de dezenas de palestinos entre dezembro e fevereiro.
Apesar da comunidade internacional --incluindo Israel-- ter pressionado pela realização do acordo entre os dois movimentos, Israel não tem a intenção de tratar com o novo governo palestino.
O Hamas continua a não aceitar de forma direta ou indireta o reconhecimento de Israel, os acordos firmados e a renúncia à violência, informou um comunicado do Ministério de Relações Exteriores de Israel. Esses três pontos são as exigências da comunidade internacional para o fim do bloqueio financeiro à ANP.
2008 - Intervenção dos EUA
Em janeiro, representantes de Israel e da ANP reúnem-se para recomeçar as negociações sobre o futuro de Jerusalém, os assentamentos, os refugiados palestinos, as fronteiras, a segurança e os recursos hídricos. É a primeira vez que os assuntos são tratados desde Cúpula de Taba, em janeiro de 2001.
As conversas de paz, como muitas tentativas anteriores, não amenizam o clima de guerra entre palestinos e israelenses e os jornais noticiam freqüentemente ataques violentos das duas partes.
Em 13 de março, o Jihad Islâmico (grupo extremista palestino) em Gaza disparar mais de uma dúzia de foguetes contra o sul de Israel após forças secretas israelenses terem matado um de seus líderes em um ataque ocorrido na véspera na Cisjordânia. No dia seguinte, um enviado especial dos Estados Unidos chega ao país para tentar mediar conversações de paz, mas Israel nega cessar-fogo.
Em abril, o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, reitera no Egito seu desejo de que o conflito palestino-israelense seja resolvido antes do final deste ano. "Pedimos a todas as partes (envolvidas no processo de paz) que empreguem o esforço máximo para alcançar um acordo antes do final do ano. Queremos conseguir uma solução antes do fim de 2008", afirmou à época.
Além disso, pediu ao presidente americano, George W. Bush, "que trabalhe para que (Israel) cesse a construção de assentamentos judaicos, com o objetivo de chegar a um tratado que garanta a recuperação das fronteiras anteriores a 1967."
Poucos dias depois, ele se reúne com o primeiro-ministro, Ehud Olmert, para discutir detalhes da visita de Abbas aos Estados Unidos e do presidente George W. Bush a Israel. A idéia seria encerrar o conflito que opõe os povos antes do fim do mandato de Bush, em janeiro de 2009.
Para isso, Bush veio a Israel nesta quarta-feira, 14 de maio, data do aniversário de 60 anos de Israel. Em conversas com Olmert e com o presidente israelense Shimon Peres, o presidente norte-americano reiterou os seus desejos de mediar um acordo de paz e, se possível, alcançar avanços significativos durante sua breve visita ao país.

Colaboração para a Folha Online

Veja sugestão de sete livros sobre a história de Israel e seus conflitos


RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online

Tentar entender um pouco da história da convivência entre judeus, cristãos e muçulmanos no Oriente Médio é tarefa fascinante, mas para uma vida. Há tantas versões, narrativas, leituras e métodos de análise envolvidos, de todos os lados, que resta ao interessado apenas mergulhar na literatura e tentar construir sua opinião.
Cabe lembrar que boa parte da história militar de Israel, especialmente após 1973, ainda não foi pesquisada, pois é tratada como assunto de segurança interna e segue em arquivos confidenciais.
Mesmo assim a literatura ainda é a principal ferramenta na busca de uma compreensão histórica, equilibrada --e não militante-- sobre essa região, talvez a mais complexa do mundo, por englobar três dos mais poderosos universos religiosos. Veja uma relação de sete livros que podem ajudar nessa tarefa:
'A História de Israel', de Antonius Hermann Josephus Gunneweg (1922-1990), ed. Loyola: Obra do professor judeu-holandês, sobrevivente do nazismo, que vincula relatos do Velho Testamento a achados arqueológicos e históricos. Trata-se de um material didático, muito professoral e detalhado. Revive a origem e crescimento das filosofia e ideal sionistas na Europa do século 19. Gunneweg desenvolve a história de Israel muito mais sob o ponto de vista geográfico, de um povo com fé milenar, do que o político. Aponta as origens do ódio e da perseguição aos judeus por cristãos e muçulmanos, e mesmo antes disso. Mostra ainda a evolução das comunidades judaicas na chamada Palestina histórica séculos antes do nascimento do Estado israelense.
'Em Defesa de Israel', de Alan Dershowitz, ed. Nobel: É praticamente um tratado jurídico de defesa não só de Israel, mas também de sua política interna e externa a partir de 48. Derschowitz trata a Israel como a um cliente num fictício banco de réus, onde são apresentados argumentos contra o país e sua política diplomática e militar. O autor rebate, por exemplo, as teses de quem acusa o país de misturar a religião às leis do próprio Estado. Na busca de uma "defesa jurídica perfeita", o escritor acaba fazendo uso de contra-teses frias, acusadas de ausência de humanismo. Não deixa de ser pertinente: entre outras idéias, Dershowitz cogita que só há o chamado 'problema' dos refugiados palestinos porque, durante a guerra de 48, Israel expulsou os árabes, mas não os matou. Uma visão extremista, embora absolutamente transparente.
'Seis Dias de Guerra', de Michael Oren, ed. Bertrand Brasil: É considerado o mais completo estudo sobre o conflito de 67 já publicado, mas há controvérsia sobre seu valor integral. Entre as teses de Oren está a de que as Forças de Defesa de Israel encontraram pouquíssima resistência na guerra da independência, e que houve muita fuga em massa 'voluntária' de árabes-palestinos das vilas que estavam sendo tomadas/atacadas por Israel. Parece tentar isentar a FDI da acusação de massacres. pois minimiza a importância --e a violência-- da ação de grupos judeus contra árabes, como o Irgun Leumi, a gangue Stern e a Haganá (que acabaram se incorporando às FDI, mas cometeram atos que podem ser chamados de terroristas). Algumas narrativas se tornam dúbias quando comparadas ao relato dos próprios judeus que estavam lá na guerra, como Moshe Dayan. Diferentemente do que os maiores entusiastas do livro dizem, o estudo de Oren não traz documentos inéditos sobre o período. Boa parte dessa história continua oculta. Mas faz parte da lista de livros obrigatórios, assim como o próximo.
'Imagem e Realidade do Conflito Israel-Palestina, Norman Finkelstein, ed. Record': Professor em Nova York e Chicago, é um dos mais famosos, polêmicos, detalhistas e criticados historiadores do Oriente Médio. Antes de 'Imagem e Realidade', sua obra mais célebre foi "A Indústria do Holocausto", acusada de ser um tratado de anti-semitismo puro. Tal ataque é maniqueísta também. A 'Indústria...' em nenhum momento questiona a importância para a humanidade, e muito menos põe em dúvida o o genocídio. Apenas questiona atitudes de algumas organizações em busca de reparação judicial indevida. Vale frisar: indevida. Em 'Imagem e Realidade', assim como fizeram seus colegas Noam Chomsky e Edward Said (1935-2003), Finkelstein bate pesado na política israelense atual e na estratégia do sionismo desde sua origem. Critica e desanca relatos do livro de Michael Oren e acusa de "farsa vergonhosa" outra obra, de Joan Peters, sobre a suposta composição geográfica da Palestina histórica ('From Time Immemorial', sem tradução em português). Judeu, filho de sobreviventes do Holocausto, se tornou um escritor ao mesmo tempo respeitado e detestado. E também obrigatório.
'Os Nazistas e a Solução Final - A Conspiração de Wannsee', de Mark Roseman, ed. Jorge Zahar: Ainda hoje não há quem entenda como o Estado alemão pôde criar, legalizar e aplicar tantas medidas de ódio e desprezo contra parte da raça humana, representada pelos judeus. Mas a verdade é que a construção de câmaras de gás e campos de extermínio nos anos 40 são somente a fase final de uma política delirante, paranóica e criminosa, que começara cerca de dez anos antes, nas origens do Terceiro Reich. Embora tenha sido realizada em janeiro de 1942 pelo segundo escalão da Wermacht, sem ninguém da cúpula de Hitler presente, a Conferência de Waansee é considerada um divisor de águas para os judeus: é prova de que um Estado, o alemão, discutiu formas objetivas de eliminar um povo. Um encontro estatal para discussão de um 'método' de extermínio humano a partir da religião e cultura "inimigas".
'Anti-semitismo, a Intolerável Chantagem', vários autores, ed. Best Seller': Nove intelectuais franceses lançam um libelo contra as táticas do poderoso lobby pró-Israel, especialmente na imprensa francesa. Os autores acusam muitos militantes sionistas de usar o genocídio na 2ª Guerra para ter direito de acusar a qualquer voz dissonante de anti-semitismo. Um dos alvos é a estratégia de igualar toda e qualquer crítica à política de Israel a um suposto anti-semitismo. Os autores contidos no livro também fazem pesada rejeição a organizações judaicas que atacam empresas de comunicação, estudiosos e jornalistas com ações e pedidos de indenização por disseminação de um suposto 'anti-semitismo'. Os judeus militantes são acusados de agir de forma metódica, e mesmo fascista, para calar seus críticos.
'A Eleição de Israel - A Polêmica entre Judeus e Cristãos sobre a Doutrina do 'Povo Eleito'', de Ariel Finguerman, ed. Humanitas: Ensaio equilibrado e didático sobre as origens da reivindicação dos judeus (e cristãos) de serem o 'povo escolhido' por Deus. Se, em sua base, o Judaísmo faz essa reivindicação de forma verbalmente clara, o mesmo não ocorre com o Cristianismo. Só que o discurso de "destino manifesto" das duas religiões acaba sendo praticamente o mesmo. Com Finguerman, entende-se que a Inquisição (entre os séculos 13 a 18) não foi senão uma outra imposição, inclusive militar, de um outro auto-intitulado "povo escolhido". De outro lado, pode-se concluir que, seja qual for o povo que reivindica a "auto-eleição", que esse argumento é e será sempre será fruto de um mythhos. Portanto, questionável. Afinal é possível rejeitar a existência de qualquer ser superior apontando o dedo para este ou aquele grupo dizendo: "Esse é o meu querido". Somos a mesma espécie.