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domingo, 19 de julho de 2020

Inácio de Antioquia, bispo e mártir, aos Magnésios (Nn. 1, 1 – 5, 2: Funk 1, 191-195) (Sec. I)



Não basta ter o nome de cristão, é preciso sê-lo deveras

Inácio, também chamado Teóforo, à Igreja de Magnésia do Meandro, abençoada pela graça de Deus Pai, em Jesus Cristo nosso Salvador, no qual a saúdo com votos de muita felicidade, em Deus Pai e em Jesus Cristo. Ao saber que a vossa caridade está muito bem orientada, segundo Deus, senti uma grande alegria e resolvi dirigir-vos a palavra na fé de Jesus Cristo. Honrado com um nome de esplendor divino, por causa das cadeias que levo comigo por toda a parte, canto um hino de louvor às Igrejas, a quem desejo a perfeita união com a Carne e o Espírito de Jesus Cristo, nossa eterna vida, a união na fé e na caridade que se deve procurar acima de tudo, e principalmente a união com Jesus e com o Pai, no qual afrontamos e vencemos todos os ataques do príncipe deste mundo e alcançaremos a Deus. Tive a honra de vos ver na pessoa do vosso bispo Damas, homem verdadeiramente digno de Deus, dos santos presbíteros Basso e Apolónio, e do diácono Sozião, meu companheiro no serviço do Senhor. Possa eu continuar a gozar da companhia de Sozião, porque está sujeito ao seu bispo como à graça de Deus e ao colégio presbiteral como à lei de Cristo. Entretanto não deveis abusar da pouca idade do vosso bispo; tratai-o com toda a reverência, considerando a autoridade que lhe vem de Deus Pai. Sei que os vossos santos presbíteros não abusam da sua juventude que é manifesta, mas, como pessoas sensatas em Deus, se lhe submetem, não a ele, mas ao Pai de Jesus Cristo, que é o bispo de todos. Em atenção Àquele que nos ama, devemos obedecer sem sombra de hipocrisia; porque, desobedecendo, não era a este bispo visível que tentaríamos enganar, mas ao bispo invisível; quer dizer, neste caso, não se trata já de ir contra um homem mortal, mas contra Deus que conhece o segredo de todas as coisas. É necessário, portanto, não apenas ter o nome de cristão, mas sê-lo deveras. Alguns, de facto, mencionam continuamente o nome do bispo, mas fazem tudo sem ele. Não me parece que estes procedam em boa consciência, porque as suas assembleias não são legítimas, segundo o preceito do Senhor. Todas as coisas têm fim e os dois termos que se nos apresentam são a vida e a morte. Cada um irá para o seu lugar. É como se houvesse duas moedas, uma de Deus e outra do mundo. Cada uma delas tem gravado o seu próprio cunho. Os infiéis têm a imagem do mundo; os que permanecem fiéis na caridade têm a imagem de Deus Pai, por intermédio de Jesus Cristo. Se não estivermos dispostos a morrer para imitarmos a sua paixão, também não teremos em nós a sua vida.